Escolher os ingredientes

Decisões, quem na vida não tem que as tomar? As decisões que tomamos estão sempre moldadas pela informação que temos disponível no momento (alguém de gestão podia interromper já aqui e dar uma palestra sobre isso). Mas nunca temos disponível ou acessível toda a informação – daí termos que usar outros mecanismos como a intuição e a experiência para colmatar essa falta.

Claro que nada bate um facto puro e duro, mas temos que avançar de alguma forma nem que seja atirando uma moeda ao ar, ou simplesmente ficamos paralizados. E não fazer nada raramente é uma opção. Portanto… que mota? Que baterias? Que motor? Que controlador? Que que que que…

Há 2 factores que contribuiram fortemente para as minhas decisões na escolha de componentes: “oportunidades” e os N projectos de conversão que existem por essa Internet fora. As oportunidades são aquisições inesperadas porque simplesmente surgiram e considerei boas apostas, não estando inicialmente previstas. Os N projectos são sites como a colecção de projectos de conversão no evalbum.com, endless-sphere.com e elmoto.net, que me permitiram ver que componentes se usam nas conversões, que potências, que capacidades de bateria, os relatos de autonomias, ver e pedir opiniões, etc etc, e investigar e procurar mais alternativas. O processo de escolha foi em boa parte iterativo, sendo que umas decisões se foram sobrepondo a outras à medida que tomava conhecimento de nova informação, daí que é difícil fazer um discurso linear sobre o processo de escolha.

Um bom 1º passo consiste na criação de requisitos para reduzir o leque de escolhas. Para mim, alguns sempre foram claros:

  1. Um motociclo equivalente a 125cc. Tenho que usar vias rápidas e auto-estradas, e não tenho carta de mota, portanto só há uma classe possível.
  2. Um veículo para casa-trabalho. Isto implica uma autonomia minima que permita fazer o percurso uma vez e com folga, ou seja cerca de 25 Km com algumas subidas jeitosas de comprimento médio. Digo uma vez porque há sempre a possibilidade de arranjar um local para carregar no trabalho.
  3. Preço razoável. “Razoável” no meu caso quer dizer que não fique mais caro que uma das scooters “chinesas” disponíveis comercialmente e que cabem no meu orçamento. Isto exclui logo um veiculo de elevada performance (ohhhhh…. enfim, fica pá próxima).
  4. Uma conversão “limpa”. Sem quinas de baterias a sair pelos lados da mota. Vejam por aí as conversões que se fazem que vão entender o que quero dizer…

Num veículo eléctrico o tradicional motor de combustão interna (vulgo CI) é substituído por um conjunto de 3 peças: bateria, controlador e motor eléctrico. É impossível dissociar a bateria do sistema de transmissão eléctrico, pois o funcionamento e performance deste depende directamente dela, ao contrário do depósito de combustível no caso tradicional, que só tem influência na autonomia. Uma bateria sub-dimensionada ou “mal escolhida” limita a velocidade e/ou o torque do motor. O mesmo se passa com o controlador; o controlador “lê” o acelerador e regula o fluxo de energia da bateria para o motor e, se for sub-dimensionado, mais uma vez o motor vai ter uma performance aquém do esperado (que já pode ser apenas razoável).

Bateria, controlador e motor têm que ser escolhidos para “baterem certo” uns com os outros.

Para me guiar ainda mais nas decisões, fiz inicialmente um orçamento para ter uma ideia do custo total e para não me deixar perder o norte ao longo do projecto. Criei uma lista de componentes e atribui a cada um o valor que pensei que fosse gastar. Alguns dos valores foram cumpridos, outros nem por isso, e outros ainda não sei. De qualquer forma acho essencial fazer e actalizar este orçamento para não se andar à deriva e sem noção clara dos gastos.

Posto tudo isto as minhas “escolhas finais” foram:

  • Chassis: Aprilia RS125 Replica (oportunidade)
  • Motor: B&S eTek “re-condicionado”, 48V 5KW (oportunidade)
  • Bateria: 16 células Winston 60Ah em série – 48V nominal, 3KWh
  • Controlador: DIY 48V >=200A contínuos >=350A pico

Este tema dos ingredientes era para ser coberto num só post mas… vejam lá, cresceu tanto que tive que o partir para não vos enfadar de uma só vez, e agora já vai em 5. No próximo vou falar da escolha do chassis, mas antes disso ainda voltarei a olhar para o lado mais prático das coisas.

Até já 🙂

This entry was posted in Decisão, Mota, RS125e. Bookmark the permalink.

4 Responses to Escolher os ingredientes

  1. Pedro S.João says:

    Bem vejo que tens te deparado com uma multiplicidade de escolhas, e cada qual, tem e muito bem, a sua razão de ser… Estás a tornar-te num verdadeiro especialista na matéria! Venha daí o resto!

  2. Sérgio Duarte says:

    A melhor das escolhas já tu fizeste, quando decidiste avançar com este projeto.
    Gosto do que leio, aprendo com o que leio, pesquiso sobre o que leio… e fico feliz por saber que este capítulo tem pelo menos mais 4 partes. Venham elas!
    Abraço!

  3. Helder Pereira says:

    5?!?!?!

    Tu já tens isso partido em 5 e vais-me fazer esperar dias a fio para saber mais preciosos e deliciosos detalhes??!?!! Malandro!!! LOL!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *